facebook instagram twitter

Quarta-feira, 13 de Maio de 2020, 11h:04 - A | A

Brasil pode ter 32 milhões de pessoas sem renda na pandemia, diz estudo

O Brasil deve deixar 32,1 milhões de trabalhadores sem renda e sem o auxílio emergencial de 600 reais, durante a pandemia do novo coronavírus, segundo estudo de um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).

 

 
A pesquisa também lembra que quem tem emprego formal, for demitido e não tenha trabalhado pelo tempo suficiente para solicitar o seguro-desemprego, pode ficar totalmente descoberto. Para pedir o seguro pela primeira vez, é preciso ter 12 meses trabalhados com carteira assinada, dentro de um período de 18 meses.
 
“Dada a elevada rotatividade, os trabalhadores que não permaneceram tempo suficiente para solicitar o seguro desemprego estão totalmente descobertos. Esse conjunto representa hoje mais de 26 milhões de trabalhadores, sendo que 9 milhões integram o grupo dos historicamente vulneráveis [trabalhadores informais], 13,5 milhões estão entre os novos vulneráveis [formais em risco de desemprego ou perda de renda] e 3,4 milhões entre os menos vulneráveis [formais que não se encontram em risco]”, explica o estudo.
 
Outros 6,1 milhões de trabalhadores elegíveis ao auxílio emergencial podem ficar sem o benefício, porque o governo federal impõe uma regra que fixa um teto de apenas dois beneficiários por domicílio. Ou seja, ao limitar o máximo de dois benefícios por residência, esses trabalhadores que deveriam receber o auxílio tornam-se inelegíveis.
 

Em reportagem de CartaCapital, trabalhadores de diferentes perfis relataram que atravessaram o mês de abril com a solicitação do auxílio “em análise”. O governo federal afirmou que atendeu 50,5 milhões de solicitantes até a primeira semana de maio, dentro de um quadro de 98 milhões de inscritos. Já parlamentares da oposição avaliam que obstruir a concessão do benefício contribui para a narrativa do presidente Jair Bolsonaro, que é contra o isolamento social e defende a volta ao trabalho.

 

Para os pesquisadores da USP, as regras impostas pelo governo dificultam o acesso ao benefício. O estudo relata que um número elevado de cidadãos ainda não conseguiu realizar o cadastro, ou teve seu cadastro aprovado e não sabe como receber o benefício.

 

Com dados do IBGE, o levantamento analisa que os menos escolarizados e os mais pobrem enfrentam dificuldades em acessar o programa, porque o governo concentrou a concessão do benefício em uma via tecnológica, pelo aplicativo da Caixa Econômica Federal. No Brasil, 20,2% do total de domicílios não têm qualquer acesso à internet, com situação mais crítica nas regiões Norte e Nordeste. Além disso, quase 1 em cada 4 pessoas sem ensino médio completo (23,4%) também reside em domicílios sem internet.

 

“Ao escolher a opção 100% tecnológica e concentrada basicamente na Caixa Econômica Federal, o governo dificultou o acesso à Renda Básica Emergencial para uma parcela importante da população. Longas filas e aglomerações aumentaram a exposição ao risco de contágio à Covid-19 dessa população”, concluem os pesquisadores.

 

O grupo denominado Rede de Pesquisa Solidária tem mais de 40 estudiosos das Humanidades, Exatas e Biológicas, no Brasil e em outros países. O estudo teve coordenação dos cientistas da USP Ian Prates e Rogério Jerônimo Barbosa.

 

Site Carta Capital

 

 

 

 

 

 

logomarca

Rua Comandante Costa, nº 1858 - Porto, Cuiabá - MT, CEP: 78025-200. Telefone: (65) 3623 1766